Primeiro eu cheguei lá e um guarda pediu pra olhar minha bolsa. Oh my God, aquilo foi o meu primeiro grande desafio. Vc deve ter dito ai do outro lado: ai Dani, como vc é exagerada! Entenda bem, meu querido telespéc, eu tinha uma bolsa em uma das mãos, na outra uma pasta cheinha de documentos e com a referida pasta eu tentava me proteger da chuva que vinha direto do céu para os meus cabelos rebeldes que insistem em absorver toda umidade da floresta amazônica, mesmo que ela esteja a milhares de quilômetros de mim. O guarda viu meu desespero e disse pra eu deixar passar, com um sorriso meio que "coitada dessa atrapalhada".
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- VAMO LÁ, PASSAPORTE, COMPROVANTE DE PAGAMENTO E FORMULÁRIO NA MÃO SENÃO NÃO ENTRA!!!
Me senti no Ver-o-Peso sendo persuadida por um camelô querendo me vender algum relógio roubado. Quanta grosseria. Mal sabia eu o que vinha pela frente. Pede pra sair!
Enfim o curral passou, te encaminham pra um lugar onde vão reter de vc qualquer tipo de equipamento eletrônico. Celular, mp3, Ipod, camera digital, computador, qualquer coisa desse tipo fica. Os guardas que te perguntam sobre esses equipamentos são até simpáticos, talvez este tenha sido o único recinto com pessoas simpáticas, recinto que por sinal tinha umas portas de tamanho excomunal, talvez de uns 20 cm de espessura.
Quando vc sai dessa sala te dizem para "seguir a faixa amarela". Gente, fiquei tonta, a faixa nunca terminava. Dobra pra esquerda, segue direto. Ai anda, anda, anda, anda e dobra pra direita, anda, anda, anda e chegou. Um lugar cheio de gente com olhos esbugalhados completamente atentos aos painéis luminosos. Te encaminham pra uma fila, mais uma.
Vc pega uma senha, a mulher nem te olha e te recomenda atenção aos painéis luminosos. Nessa hora eu entendi o por quê dos olhos esbugalhados. A senha vai aparecer lá, vc tem que prestar atenção. Se passar a tua vez é bem capaz que te mandem pro calabouço ou diretamente para a Caverna do Dragão. Que eu me recorde existiam pelos menos 20 coisinhas daqueles, sendo que 6 ou 7 não paravam de fazer "piiii". Ai o painel me chamou, 2340. Fui até o primeiro guichê e, pra variar um pouco, fui atendida com a maior "gentileza" por um homem:
- DOCUMENTOS!
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- O QUE É ISSO? NÃO PRECISO DESSE PAPEL, PRA QUE ESSE PAPEL?
Ah, caramba. A Polícia Federal tinha me orientado a andar com meu boletim de ocorrência e apresentá-lo sempre que fosse me referir ao meu passaorte. Homem grosso, idiota! Peguei meu papel de volta e esperei de novo.
Fui me sentar ao lado das pessoas com olhos esbugalhados, atentos aos "piiiis". Eu vi que a minha senha foi solicitada para um determinado guichê. Direcionei-me ao mesmo e aguardei minha vez. Ali havia uma pequena fila. Enquanto atentamente observava se a bolsa da moça na minha frente era uma legítima Louis Vuitton ou não, ouvi: - Vinti tleis fori-ô! Pensei com meus botões o que aquilo significaria. Imediatamente olhei para a direção de onde vinha a vóz Darth Vader. Uma pessoa de aparência oriental repetiu novamente:
- Vinti tleis fori-ô!
- Vinte e três, quatro e zero? Eu perguntei.
- Yeis, Uori iu slipi?
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Me sentei na segunda fileira de bancos e aguardei. Observei que as pessoas bonitas e bem vestidas não recebiam o passaporte de volta. Me lembro de uma moça de calça da Gang, sacola da Herbalife e brincos verdes (pra combinar com o símbolo da Herbalife) saindo indignada do local com seu passaporte na mão. Então para receber seu visto, vá bonitinho, faça a barba, escove os dentes, passe sua camisa e sorria. Depois de quase 1 hora aguardando um moço perguntou bem alto:
- Alguém aqui ainda não foi chamado?
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- O que vc faz da vida? Vc mora com seus pais? O que vc vai fazer nos Estados Unidos?
Respondi e obtive uma fria resposta:
- Seu visto foi aprovado, boa viagem.
Quanta decepção! Ele não me pediu nenhum tipo de comprovante de nada. E se eu tivesse mentindo? E se eu quisesse viajar pra levar droga escondida na minha bota? Me lembrei de algum epsódio de alguém levando droga escondida na bota. Eu sai de lá com raiva, sinceramente. Tive o maior trabalho pra colecionar os documentos que, de acordo com o site lá do coisa do visto, eram "extritamente necessários". Ahhh! Vai se catar! Mas enfim, segui as placas de saída, passei novamente pelo recinto dos guardinhas legais, me meti em outra fila. Dessa vez era pra escrever o endereço do local para onde deveriam enviar meu passaporte. Tudo bem, escrevi e sai.
Cheguei no consulado dos Estados Unidos em São Paulo às 9:20 da manhã e saí mais ou menos às 1:15 da tarde. Minha entrevista? Durou uns 3 minutos desse tempo todo.
4 comentários:
isso foi em sp? em brasília é melhor :P (ou tu que tava com muito medo hahaha)
Bom, considerando que eu sempre exagero tudo, não foi na realidade tão ruim assim. Eu não estava com medo nenhum, talvez estava com muita raiva de ter que passar por todo esse procedimento burocrático enquanto que pra eles virem pro Brasil é super simples.
e qual era o seu horario do agendamento??
bjuss
Horario era as 10! :D
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